terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Apagão - a palavra mais vulgar do momento

Parafraseando nosso maioral democrata, nunca antes nesse país se abusou tanto dessa palavra.
Apagão tem sido citado para explicar todo tipo de pane, caos ou colapso nos serviços, geralmente público. Inicialmente se utilizou daquela palavra para descrever o problema da falta de energia. A bola da vez, sem dúvida, é o apagão aéreo. Mas, outros apagões, talvez com danos mais desastrosos, tem ocupado a mente de brasileiros realmente preocupados com nossos problemas.
O apagão dos transportes compromete o escoamento dos produtos produzidos em nosso país, aumenta os custos de frete, sucateia prematuramente nossa frota e atrasa as entregas das encomendas. O apagão atinge também os transportes ferroviário, metroviário e marítimo com total conhecimento das autoridades, que pelo andar da carruagem, aguardam agravamento da situação para tomar alguma decisão, ainda que paliativa. O alerta vem sendo dado há anos, mas o apagão da competência tem negligenciado nossa infra-estrutura nos transportes. As operações tapa-buracos tem sido um desperdício de recursos inadmissível para um país carente de investimentos. O descaso nos distancia cada vez mais dos paises emergentes que tem aproveitado sabiamente a onda favorável de crescimento das economias de todo mundo.
Os professores se reservam o direito de ensinar e exigir o mínimo de seus alunos devido ao seu baixo salário e a falta de motivação, levando ao apagão na educação. A médio e longo prazos o que se pode esperar é um povo despreparado para o mundo cada vez mais dependente da informação e de pessoas treinadas para exercer funções altamente complexas. Hoje temos um contingente enorme de pessoas analfabetas funcionais; incapazes de entender simples instruções. Mais adiante, sofreremos com apagão de pesquisadores e cientistas.
O apagão da saúde reserva sofrimento aos mais necessitados que dependem da saúde pública. Leitos superlotados, greve dos profissionais de saúde, falta de medicamento, filas nos postos de emergência são alguns exemplos do que assistimos todos os dias. Há flagrante apagão de autoridade e de competência nessa gestão.
Os cientistas descobriram uma proteína que pode gerar o apagão da memória. Nós brasileiros, já estamos com esse sintoma há muitas décadas. Basta lembrar a recondução de políticos corruptos, ladrões e desonestos aos cargos públicos cujos salários são pagos com o dinheiro de nosso povo.
Essa metáfora tem sido usada abusivamente. Estamos com apagão de criatividade? Ou será que as pessoas querem, com uma única palavra, entender o estado de coisas que chegamos?
Para conter tais apagões indicam-se “bombeiros” (nomeados) que não estão preparados para combater tais males acumulados pelo apagão moral reinante em todas as esferas do poder público deste país.
No horizonte o apagão geral permanece real e iminente.